sábado, 20 de novembro de 2010

Elizabeth Bishop_Nos Pesqueiros_1955

...Detrás de nós, lá atrás,
os pinhos altos e graves começam.
Azuladas, associadas às próprias sombras,
aí está um milhão de árvores de Natal
à espera do Natal.
(...)
Vi-o uma e outra vez, o mesmo mar, o mesmo..

Se você o provasse, primeiro sentiria seu sabor amargo,
depois o sabor salmoura, então queimaria sua língua.
É como nós imaginamos que seja o conhecimento:
escuro, salgado, transparente, em movimento, completamente livre,

tirado da fria e dura boca do mundo,
para sempre extraído dos peitos das pedras,
em fluxo e refluxo, e desde que
nosso conhecimento é histórico, fluindo, e já fluído.

trad. Horácio Costa/Companhia das Letras
*

...fluindo, e já fluído.