quarta-feira, 19 de maio de 2010

Amavisse, Hilda Hilst

Extrema, toco-te o rosto. De ti me vem

À ponta dos meus dedos o ouro da volúpia

E o encanto glabro das avencas. De ti me vem

A noite tinginda de matizes, flutuante

De mitos e de águas. Inaudita.

Extrema, toco-te a boca como quem precisa

Sustentar o fogo para a própria vida.

E úmido de cio, de inocência,

É à saudade de mim que me condenas.


Extrema, inomeada, toco-me a mim.

Antes, tão memória. E tão jovem agora.


Hilda Hilst, XIII, Amavisse
*