terça-feira, 20 de abril de 2010

Vulcões, Florbela Espanca

Tudo é frio e gelado.
O gume dum punhal
Não tem a lividez sinistra da montanha
Quando a noite a inunda dum manto sem igual
De neve branca e fria onde o luar se banha.

No entanto que fogo, que lavas, a montanha
Oculta no seu seio de lividez fatal!
Tudo é quente lá dentro…e que paixão tamanha
A fria neve envolve em seu vestido ideal!

No gelo da indiferença ocultam-se as paixões
Como no gelo frio do cume da montanha
Se oculta a lava quente do seio dos vulcões…

Assim quando eu te falo alegre, friamente,
Sem um tremor de voz, mal sabes tu que estranha
Paixão palpita e ruge em mim doida e fremente!
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Assim quando eu te falo alegre, friamente,

Sem um tremor de voz, mal sabes tu que estranha

Paixão palpita e ruge em mim doida e fremente!

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